terça-feira, 14 de setembro de 2010

Éden

Todos os dias abro meus braços
Como se abrisse as pernas
Por diversas vezes me senti sugada
Amarrada, e amordaçada
E de repente: liberdade
Mas o conceito em si desta palavra
Foi desconstruído
O Abaporú presente
E nossas raízes desta terra brasilis
A desmistificou, somos libertinos.


Eu choro, porque o choro me alenta
Eu choro porque sou servo
Do nada
E dele me alimento
Nem que seja de socos ou pancadas.


Não sei como começar
Muito menos como terminar
Sou fruto de um desleixo coletivo
Abençoado pelo manto do sacerdócio corrupto
Abortado pela mãe desnaturada
Criado pelos demônios do infinito
E jogada à própria sorte
No calabouço da verdade.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Lilith


Preciso esquecer...
Que já nem me lembro mais
Do seu rosto
Que em minhas ideias,
O teu vulto desfaz
Do seu gosto
Que por mim não fora aprisionado
Preciso esquecer...
Que todas as vezes
Sei que você vai sumir
Do seu jeito único
De me fazer esquecer...
Que a dor não faz sentido
Que posso me jogar nessa trama
Que volta e meia
Não serás mais que um desejo
Aí minha história
Resumir-se-á em fatos
Sem evidências

"Ó ser mítico por mim idealizado.
Um dia terás seu totem legitimado
Em um lugar inexato"
Pode até soar clichê
Mas sempre tem alguém
Ao lado, que desperta algo
São olhares aleatórios
Toques sem intenções
De serem realmente o que se é
E assim a gente leva
Dia a dia as coisas em comum aparecem
E a gente se perde na linha da razão
E nesse trânsito frenético
Só resta a sensação
De uma impotência
A impotência seguida pela frustração
No sentido mais amplo da palavra.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Blasfêmia

Desejo sentir o ardor da paixão
Invadir meu caminho
Sem restrições, apenas invasão
Nas águas turvas que deste céu cai
Minha esperança se esvai
Meus sonhos, são apenas sonhos
Porém, longe de tormentos medonhos
Resguardo em meu peito a vontade
De saciar todo esse conjunto de emoções
E poder quem sabe, oferecer sem esperança infame
Sem blasfemar o amor
Que é centelha divina
Sem julgar a dor
Que em ti é tão desigual
E que sem limites ou fronteiras
Apenas deleita-se.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Distraída

Sempre fui distraída
Com tudo o que não me interessa
Hoje percebo que a distração tornou-se indiferença
E dentro de mim habita apenas um vazio niilista
Um horizonte distante da vista
E um conforto quase sensacionalista
Desses que só existe em revista.

Eu já quis ser diferente
Eu já quis amar
Eu já carreguei uma paixão ardente
Eu já quis matar
Eu já expliquei que estou dormente
Eu já quis sonhar
Mas apesar de todas essas palavras e ainda conseguir rimar
O conteúdo em si se perdeu e não consigo achar.

Juventude...

Hoje li um relato de alguém que compartilha do mesmo sentimento que eu, o que mais me chamou atenção foi que essa pessoa não é tão próxima de mim, mas que já havia notado o que se passava dentro dela - após escrever tudo aqui, vou lhe envia esse texto, com certeza.
Todos os dias, alguém mais velho que eu, me indaga sobre as pespectivas da minha geração, de seus própósitos, objetivos, metas. Sei que são perguntas muito complexas, que para muitas não se tem respostas definidas, que a qualquer momento o foco muda, os anseios também, e o que mais me preocupa é que a nossa geração está tão condicionada a ter um objetivo, um foco, que o nosso lado subjetivo é menosprezado muitas das vezes, que a gente tem mais dificuldades de lidar com nossos sentimentos, com dificuldades do dia a dia.
Aí fica parecendo aos olhos daqueles que nos indagam, que não saímos ainda da adolescência - e vou dizer de coração eu acredito nos meus amigos, eu acredito na nossa juventude - muitos dos meus amigos, com 22, 23 anos já estão formados, ou estão se formando, tem o seu estágio, ou trabalham, os formados tem uma renda que muitas das vezes supera a do pai, ou da mãe. Mas fica a imensa pergunta: se fomos desde cedo criados para sermos bem-sucedidos, bem-estruturados, para onde se transportou aquela aurora da juventude? E o que só vem à minha cabeça é que nós estamos tentando recuperá-la...