quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Blasfêmia

Desejo sentir o ardor da paixão
Invadir meu caminho
Sem restrições, apenas invasão
Nas águas turvas que deste céu cai
Minha esperança se esvai
Meus sonhos, são apenas sonhos
Porém, longe de tormentos medonhos
Resguardo em meu peito a vontade
De saciar todo esse conjunto de emoções
E poder quem sabe, oferecer sem esperança infame
Sem blasfemar o amor
Que é centelha divina
Sem julgar a dor
Que em ti é tão desigual
E que sem limites ou fronteiras
Apenas deleita-se.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Distraída

Sempre fui distraída
Com tudo o que não me interessa
Hoje percebo que a distração tornou-se indiferença
E dentro de mim habita apenas um vazio niilista
Um horizonte distante da vista
E um conforto quase sensacionalista
Desses que só existe em revista.

Eu já quis ser diferente
Eu já quis amar
Eu já carreguei uma paixão ardente
Eu já quis matar
Eu já expliquei que estou dormente
Eu já quis sonhar
Mas apesar de todas essas palavras e ainda conseguir rimar
O conteúdo em si se perdeu e não consigo achar.

Juventude...

Hoje li um relato de alguém que compartilha do mesmo sentimento que eu, o que mais me chamou atenção foi que essa pessoa não é tão próxima de mim, mas que já havia notado o que se passava dentro dela - após escrever tudo aqui, vou lhe envia esse texto, com certeza.
Todos os dias, alguém mais velho que eu, me indaga sobre as pespectivas da minha geração, de seus própósitos, objetivos, metas. Sei que são perguntas muito complexas, que para muitas não se tem respostas definidas, que a qualquer momento o foco muda, os anseios também, e o que mais me preocupa é que a nossa geração está tão condicionada a ter um objetivo, um foco, que o nosso lado subjetivo é menosprezado muitas das vezes, que a gente tem mais dificuldades de lidar com nossos sentimentos, com dificuldades do dia a dia.
Aí fica parecendo aos olhos daqueles que nos indagam, que não saímos ainda da adolescência - e vou dizer de coração eu acredito nos meus amigos, eu acredito na nossa juventude - muitos dos meus amigos, com 22, 23 anos já estão formados, ou estão se formando, tem o seu estágio, ou trabalham, os formados tem uma renda que muitas das vezes supera a do pai, ou da mãe. Mas fica a imensa pergunta: se fomos desde cedo criados para sermos bem-sucedidos, bem-estruturados, para onde se transportou aquela aurora da juventude? E o que só vem à minha cabeça é que nós estamos tentando recuperá-la...