sexta-feira, 26 de maio de 2017

Nuances



A carne crua 
Desnuda 
Acusa o tempo 
Veloz 
Fenda viva
Engole 
O choro!  

Não é 
Nada 
Demais 

Esboço 
Do absurdo 
Do abutre 

Não é
Nada 
Demais 

Frígida 
Amarga 
Mulher 
Homem? 
Será? 
Não é nada demais.... 

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Me apartei de ti
Não como dois cães a brigar
Eu só recortei o teu rosto da foto
Aquela foto tirada no bar

Segura das minhas falas
Recito meu monólogo do mal querer
Mais uma vez és a voz que cala
Eu me repito, e nem sei o porquê.

domingo, 18 de dezembro de 2016

Zelo

Dedico uns instantes do meu tempo
Escrevo sobre o exercício de eternizar momentos
Acontece com frequencia, uma distorção
Do passado em linhas
E do presente abstrato
O recordar é como realinhar antigas sensações
Então eu percebo minhas escolhas
Enfrento meus monstros
Eu sou o monstro
Colecionador de selos
Amarelados pelo tempo
Carcomidos pelo zelo
Revirados
Numa caixinha metálica
Nunca colados
Passaram da validade

sábado, 9 de janeiro de 2016

Script

Não...  Nunca houve amor
Uma certa vez disseste que parecíamos pertencer à um filme francês
Movidos por desencontros
Marcados por um sentimento confuso
Enquadrados na lente da ignorância
As falas incomuns
Cheias de significado sobre a vida
E o pesar que ela nos proporciona

Neste filme,
Cada ângulo,
Cada desgosto
Tem suspiros de agonia
Mãos que se procuram
Sorrisos reprimidos
E lágrimas contidas

Ainda neste filme,
Atravesso a rua enquanto passas no teu carro,
E te reparo pelo pára-brisas
E veloz, foges do meu olhar.

A cerveja, derrama
O cigarro se apaga
Enquanto meias palavras são jogadas fora
Nada daquilo precisava ser dito
Nem o encontro na madrugada
Precisava ter acontecido.

Não preciso deste filme
Fostes infeliz no teu script
Estou a salva.

domingo, 5 de maio de 2013

Karma



Um dia seguiremos obsoletos
Em cada discurso
A poeira da rua invade a casa
Que um dia você construiu pra mim
Na mesma casa, as plantas que nunca podamos
Encobrem o nosso passado
E emaranham o nosso presente
E desdenham do meu futuro.

Um raio de sol passa por entre as cortinas
No mesmo momento em que a minha cabeça
Gira no ritmo do ventilador
Na madrugada, eu desacompanhado
Sinto você ao meu lado
Pela marca deixada no colchão
Perdi dias nesse instante único
Perdi a consciência também
Mas nunca te perdi
Porque nunca a tive
O fato me embaraça
Me causa desgraça
Me devasta por dentro por fora
Desse modo, não consigo te deixar ir embora.

O karma me persegue
A dor obtusa causada pelo meu desejo de salvar-te
Tornou-se meu calvário
Meu amor imaginário
E como acreditar em um sonho que se sonha só?
Permito que as marcas que deixastes em mim
Tornem-se a prova viva de que sobrevivi
Se fui demais pra ti
Se fui tudo aquilo que não necessitavas
Desejo-lhe sorte, pois vais precisar.

terça-feira, 9 de abril de 2013

GAME OVER


Furtivo ou desconexo tanto faz
A música evidencia coisas aqui guardadas
Não sinto diferença se estás ou não aqui
E tenho a consciência de que incomodo
Eu desfilo pelo teu ego
Não absorvo a tua cena
O jogo todo não passa de uma parada conveniente.

Moves as peças pensando sempre no próximo passo
E nem ligo, isso não interessa
E acabo interceptando tua ação
Descubro que não tens compromisso
Que não sais disso.

Então pra que?
Pra que te procuro
Se tua defesa sempre me bloqueia
Já chega!
É a única coisa que me reservo:
Não vou ficar olhando pra trás.

segunda-feira, 11 de março de 2013

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Seria uma pena se depois que eu saísse por aquela porta e todas as dúvidas que entraram comigo por ela, retornassem como um temporal atemporal. Seria extremamente decadente se eu tivesse rememorado fantasias justamente no dia que as coloquei de molho.
O dito pelo não dito, e a trama me cercou. As mãos dadas por acaso, no meio da rua, para me proteger de um tropeço bêbado, e um possível atropelamento. O olhar lascivo e evasivo, do qual já havia feito uma retratação estava mais uma vez ali: encarando-me como um espelho. Seguimos narcisos, debruçados sobre as mais puras projeções, sem medo de ser...
Ao término do encanto, dias se passaram como se nada estivesse acontecido. A expectativa tornou-se o mórbido brilho dos teus dentes. A insegurança está expressa no passar das mãos no cabelo. E a certeza de que nada, nada se repete fácil, mora no teu silêncio.